O programa
Profissão Repórter, apresentado pela TV Globo, na semana passada, focalizou a
novela “Avenida Brasil”, que ficou no ar ao longo de oito meses, sob um ângulo
interessante.
Sob o
comando do competente jornalista Caco Barcelos, o programa buscou, em diversos
pontos do país, histórias de pessoas que vivem e trabalham em avenidas
homônimas da novela.
Como na
terra onde nasci e fui criado – Itapecuru Mirim há uma movimentada Avenida
Brasil, imaginei que ela fosse descoberta pela produção do programa e um repórter mostraria os que nela habitam e
atuam para torná-la atraente e pujante.
Atento e na
expectativa de que a Avenida Brasil de minha terra aparecesse no vídeo, assisti
ao programa inteiro. No final, frustração e decepção por não ver, naquela
noite, Itapecuru virar notícia nacional.
Como prêmio
de consolação, reporto-me hoje sobre a
Avenida Brasil de Itapecuru, artéria que, de uns tempos para cá, passou ser a
mais importante da cidade e onde estão os maiores estabelecimentos comerciais e
prestadores de serviços do município.
Com base num
mapa preparado em 1910, pelo maestro Joaquim Araújo, verifico que o miolo
urbano de Itapecuru conserva ainda o seu traçado original, que remonta ao
século XVIII, quando engenheiros e
militares da fase pombalina projetaram a vila com quadras e ruas
alinhadas e regulares.
Até meados dos anos 1950 Itapecuru tinha um ordenamento espacial de
pequena dimensão, mas bem organizado e localizado entre os igarapés Pau de
Arara, Luiz Antônio e Zorra. No sentido leste-oeste, a cidade contava com as
Ruas Beira Rio, Egito, Passagem, Formosa, Deserto, Flores e Cametá; e, no sentido norte-sul, com as Ruas do Fio,
Grande, Santo Antônio, Sol, Caiana, Caianinha, Marco, Boiada, Mocambo, Beco das
Lavadeiras, Caminho do Pau de Arara e as Praças do Mercado e da Matriz.
A partir da
administração do prefeito Bernardo Matos (1943 a 1945), a cidade começou a se espraiar e sofrer
alterações urbanísticas, face à demolição de centenas casas e casebres, que
apresentavam irregularidades e comprometiam a sua topografia. Foi assim que
chegaram as modernas residências, novas ruas e avenidas.
O avanço
urbanístico de Itapecuru, além do efeito modernizador, provocou também a
ampliação de sua área territorial, fato que levou o prefeito Miguel Fiquene, em
1948, a enviar à Câmara Municipal um projeto de lei que criava a zona urbana e
suburbana.
Oito anos depois da aprovação dessa lei,
Itapecuru passaria por um novo e promissor surto de progresso urbanístico, em
função da adoção no país de um impetuoso
programa rodoviário, realizado no governo do presidente Juscelino Kubitscheck.
Novas estradas abriram-se no Maranhão,
para fomentar o progresso econômico do Estado e
interligá-lo a outras regiões do país.
Com esse
objetivo, priorizou-se a construção da
MA-23 para ligar o Maranhão ao Piauí, passando pelas cidades de Itapecuru,
Vargem Grande, Chapadinha e Buriti, com influência sobre os municípios de
Brejo, Urbano Santos e São Bernardo. No projeto rodoviário, a presença de uma ponte de concreto sobre o
rio Itapecuru, com vão central em arco e
extensão total de 107 metros e 10,30 metros de largura, incluindo pista de
rolamento e passeios laterais.
A moderna e
majestosa obra, inaugurada em 1º de agosto de 1956, pelo governador Eurico
Ribeiro e o prefeito Cinéas Santos, causou sensíveis alterações na estrutura da
cidade. Com destaque para a desativação da antiga ponte flutuante, construída
em 1948, pela Associação Comercial, através da qual transitavam passageiros e cargas
em demanda a São Luís e transportados
por caminhões e trens da Estrada de Ferro.
O desaparecimento da ponte flutuante fez a Rua
da Boiada perder a aura de principal
artéria comercial e viária e o deslocamento do fluxo do tráfego para outro
espaço da cidade, onde teve origem uma nova via pública, com o nome de Avenida
Brasil.
A nova
avenida cortava horizontalmente a urbe,
tendo o seu começo na Beira Rio e término na Rua José Gonçalves da Silva, sobre
o leito da qual se assentou a rodovia MA-23,
em direção a Vargem Grande e outros municípios.
Para
implantação da Avenida Brasil, o então Departamento de Estradas de Rodagem
transferiu recursos financeiros à prefeitura, que os investiu na desapropriação
de casas localizadas na Rua Caiana. Dessa forma, Itapecuru
expandiu-se, modernizou-se e ganhou nova topografia.
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